A Biblioteca Delfim Netto

A exposição marca o início das comemorações dos 10 anos da abertura do acervo Delfim Netto ao público na FEAUSP, a serem celebrados em 2024.
Acontece virtualmente aqui e fisicamente na Biblioteca da FEA de
segunda a sexta-feira, das 7h30 às 21h30.

a exposição

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Ao longo de quase oito décadas, Antonio Delfim Netto constituiu uma das maiores e mais diversificadas bibliotecas privadas do país. Com um acervo que ultrapassa 100 mil títulos, muitos dos quais inexistentes em qualquer outra coleção brasileira, trata-se da maior biblioteca especializada em Economia do Brasil. Doada para a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo em 2014, a biblioteca não apenas mantém obras sobre os mais diversos recortes temáticos da área – das pesquisas mais instrumentais de microeconometria a autores de tradição marxista –, como também dispõe de livros sobre história, antropologia, sociologia, filosofia, tecnologia, meio-ambiente, entre outros assuntos específicos.


Uma biblioteca de “pesquisa”, como seu próprio colecionador define. Assim, ainda que sua coleção possua obras especiais, como algumas das primeiras edições de autores membros da Economia Política Clássica, a preocupação de Delfim Netto foi sempre de encontrar as melhores edições, as obras completas de relevantes economistas e seus interlocutores, instrumentos fundamentais para pesquisadores. Uma biblioteca que foi resultado de um sistemático processo de aquisição, mas também de pesquisa, para selecionar obras, construir conjuntos de livros sobre os mais diversos temas econômicos.


A exposição “Uma viagem pela história do pensamento econômico - A Biblioteca Delfim Netto, portanto, pretende apresentar alguns dos mais importantes livros da história do pensamento econômico, tais como as primeiras edições das obras de Adam Smith, David Ricardo e John Stuart Mill, de autores pré-clássicos, até os mais recentes debates das correntes da teoria econômica contemporânea. Por meio da biblioteca de Delfim Netto, portanto, é possível fazer uma viagem pela história do pensamento econômico mundial, uma oportunidade única no Brasil, que apenas este acervo permite oferecer a estudantes, pesquisadores e ao público em geral.

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Primórdios do Pensamento Econômico

Até meados do século XVI, conceitos e reflexões sobre Economia podiam ser encontrados de maneira fragmentada no pensamento de autores de diversas áreas do conhecimento. A própria palavra Economia tem sua origem no latim medieval, oeconomia, e no grego antigo, oikonomia. Por sua vez, o termo grego é composto pelas palavras oikos (“casa”) e nomein (referente ao ato de gerenciar), essa última derivada do termo nomos (“lei”; “norma”).


Foi no contexto da expansão comercial europeia que se desenvolveram as primeiras doutrinas econômicas em um sentido próximo ao significado contemporâneo do termo. São expressões desse desenvolvimento os escritos da Escola de Salamanca, a reflexão sobre o mercantilismo, bem como seus primeiros críticos que ficaram conhecidos como Fisiocratas. Nesse sentido, esses debates se organizavam a partir do conceito de bulionismo, o qual relacionava a riqueza de uma nação à quantidade de metais preciosos por ela possuídos. Com efeito, a doutrina mercantilista tornou-se hegemônica e foi um dos principais fundamentos para a colonização das Américas.


A Biblioteca Delfim Netto possui diversas publicações que permitem apreender a diversidade e a riqueza das reflexões econômicas realizadas nesse período. Reunidas neste conjunto, apresentam-se aqui edições originais e fac-similares de obras publicadas ainda no século XVI, além de outras dos séculos XVII e XVIII.

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Economia Política Clássica

O nascimento da Economia como área do conhecimento é usualmente associado à publicação, em 1776, de A Riqueza das nações de Adam Smith (1723-1790). Joseph Schumpeter (1883-1950) considera Adam Smith o “mais famoso de todos os economistas”, pois sua obra mais importante seria “o mais bem-sucedido dos livros não apenas em economia, mas, com a possível exceção de The origin of species de Darwin, de todos os livros científicos aparecidos até hoje”.


Reunimos neste conjunto sobre a Economia Política Clássica algumas das obras mais conhecidas da área de Economia. Árdua tarefa, tendo em vista que a Biblioteca de Delfim Netto é composta por uma riquíssima coleção destas obras clássicas, como indicam a presença de primeiras edições (originais ou fac-similares), as traduções destas obras para as mais diversas línguas e também as edições definitivas, muitas das quais dotadas de aparatos críticos.

O retorno aos fundadores da Economia Política Clássica permite apreender as bases teóricas da economia moderna. Trata-se de ideias produzidas por autores que vivenciaram os primeiros momentos da Revolução Industrial, além das transformações econômicas e sociais na Europa da primeira metade do século XIX. Ao refletirem sobre os princípios de funcionamento do sistema econômico e estabelecer os debates sobre distribuição de renda, crescimento econômico e papel do governo na economia, os clássicos acabaram por lançar temas e problemas que nortearam a produção intelectual dos economistas ao longo dos séculos XIX e XX.
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Marx e a crítica socialista à Economia Política Clássica

O marxismo, movimento político e intelectual que se estende por diferentes áreas do conhecimento humano, influencia o desenvolvimento de pesquisas em ciências humanas há mais de um século. Para além da inovação metodológica, a “Crítica da Economia Política” de Karl Marx (1818-1884) oferece uma teoria econômica pautada na crítica às dinâmicas e contradições do sistema capitalista e de suas relações sociais. Seus escritos reverberaram para além da academia, já que se estabeleceram como base intelectual de movimentos políticos, sindicais e reivindicatórios de diferentes naturezas. Por isso, sua influência e importância revelam a conexão de sua obra com o contexto em que foi produzida.

Nesse sentido, reuniram-se para esta exposição algumas obras pioneiras da tradição do pensamento econômico socialista. Os livros da primeira estante são exemplares relevantes das novas ideias e interpretações sobre o capitalismo produzidas no contexto posterior à Revolução Industrial. Em linhas gerais, esses autores convergem no que diz respeito à crítica ao crescimento das desigualdades observado ao longo do século XIX. Essas publicações, dos chamados “socialistas utópicos”, foram selecionadas com base nos critérios de relevância, antiguidade e raridade do exemplar. Já a segunda prateleira conta com alguns exemplares d’O Capital de Karl Marx, escolhidos por conta de sua raridade e antiguidade. A última prateleira, por sua vez, apresenta compêndios de artigos sobre a obra do autor alemão compilados pelo próprio Delfim Netto a partir de recortes temáticos por ele definidos.

Essa grande presença de autores ligados à tradição socialista e à crítica do liberalismo clássico, inclusive com exemplares de elevado valor histórico e simbólico, demonstra o espírito de pluralidade que orientou a aquisição e formulação da Biblioteca de Delfim Netto. A pluralidade de visões e as tensões ideológicas presentes nos debates teóricos e políticos sobre o pensamento econômico do século XIX permite observar as nuances e as disputas presentes no processo de consolidação da Economia como uma ciência social aplicada.
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A batalha do método e as origens da Economia neoclássica

Após meio século de hegemonia da Economia Política Clássica, as décadas finais do século XIX marcaram um ambiente de crise e revisão dos paradigmas econômicos. Por um lado, se buscava captar as transformações técnicas da chamada Segunda Revolução Industrial (profundas transformações nos sistemas de transporte, nas comunicações e na matriz energética), da disseminação dessas técnicas e a tendência de oligopolização de diversos setores produtivos. Por outro lado, esse movimento de revisão do conhecimento respondia a certo desencantamento do campo com as formulações dos economistas clássicos.

Nesse sentido, durante quase duas décadas o debate em torno do método econômico dominou as pesquisas no campo. No contexto dessa disputa teórica, dois grupos principais apresentaram propostas à crise da Economia Política Clássica. Em que pesem divergências pontuais, economistas como Stanley Jevons (1835-1882), Carl Menger (1840-1921) e Léon Walras (1834-1910) ofereceram contribuições à perspectiva individualista e utilitarista de Say (1767-1832), Senior (1790-1864) e Bastiat (1801-1850), consolidando aquilo que se convencionou chamar de marginalismo. A análise da maximização racional da utilidade, por meio da noção da utilidade marginal decrescente, podia ser calculada matematicamente, produzindo um novo manto científico para a área.

Do outro lado, em respostas às proposições dos autores marginalistas, economistas históricos ingleses e representantes da escola histórica alemã questionariam as obras seminais de Jevons e Menger naquilo que se convencionou chamar de a “batalha dos métodos”. Defendendo uma perspectiva mais histórica e indutiva, autores como Cliffe Leslie (1826-1882), John Ingram (1823-1907) e Gustav von Schmoller (1838-1917), questionavam não apenas a universalidade da teoria econômica concebida pelo utilitarismo, mas também as implicações práticas da teoria para a política econômica.

Como conclusão dos embates sobre o método, apresenta-se aqui o livro de Alfred Marshall (1842-1924), Princípios de Economia. Publicada em 1890, a mais influente obra na formação de economistas no início do século XX sedimenta o nascimento da teoria econômica neoclássica, uma síntese do debate que indicava a vitória da perspectiva marginalista.
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A matemática entra em cena

A formalização quantitativa da Ciência Econômica é um fenômeno relativamente recente que remonta ao final do século XIX e se configura como um dos desdobramentos da revolução marginalista. Conquanto já existissem entidades dedicadas ao assunto – como a Société de Statistique de Paris, fundada em 1860 –, foi a partir dos anos 1930 que os métodos matemáticos e estatísticos alcançaram novo patamar de importância e se tornaram o paradigma dominante no desenvolvimento da pesquisa econômica.

Nesse sentido, a Econometric Society, criada no final de 1930 em Cleveland (EUA), tinha por objetivo promover pesquisas que buscassem a união entre teoria e empiria nos estudos dos problemas econômicos de modo semelhante ao observado nas ciências naturais. A partir de então, a pesquisa econômica passou a se valer desse ferramental tanto para a aplicação de testes quanto para a teorização de modelos econômicos. Conforme pode se observar a partir da seleção dos livros aqui apresentados, o desenvolvimento da teoria econômica esteve diretamente influenciado – quando não, balizado – pelo emprego progressivo de instrumentos quantitativos; da matemática pura à econometria aplicada.
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Expressões do liberalismo

O início do século XIX assistiu a profundas transformações sociais decorrentes da Revolução Industrial, tanto na Europa quanto em outras regiões do planeta. A revolução na estrutura produtiva de determinados países europeus consolidou o caráter industrial de economias que anteriormente eram tipicamente agrícolas. No campo do pensamento econômico, autores liberais passaram a defender um modelo econômico pautado no livre mercado em oposição ao arcabouço teórico derivado da obra de Karl Marx. No que diz respeito às temáticas, o enfoque dos estudiosos que se opunham à teoria marxista migrou da análise do comércio e das trocas para a da produção industrial, passando-se, assim, à discussão dos conceitos de trabalho, propriedade e capital.

Encontram-se nesta vitrine alguns dos trabalhos mais relevantes do liberalismo e da teoria neoclássica da segunda metade do século XIX e do século XX. O critério de seleção das obras, então, levou em conta tanto a raridade quanto a relevância teórica dos livros presentes no acervo da Biblioteca Delfim Netto. Nesse conjunto selecionado estão presentes discussões sobre diversos temas. Assim, assuntos como utilidade, satisfação, competitividade e equilíbrio de mercado, são apresentados à luz de diversos prismas metodológicos.
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O Institucionalismo e suas reverberações

No âmbito das discussões econômicas, o Institucionalismo tem se consolidado como uma área relevante tanto no campo teórico da ciência econômica como em aplicações empíricas que embasam revisões historiográficas consistentes. Conforme apontado por Geoffrey Hodgson (1946- ), tanto a Economia Institucional original como as suas variantes mais recentes contemplam perspectivas teóricas e políticas diversas. Essa pluralidade, contudo, não impede a existência de um enfoque comum que justamente permite abordar essa miríade de pesquisas como pertencentes a uma mesma área do conhecimento econômico. Esse elemento comum e definidor da perspectiva institucionalista consiste na preocupação com as mudanças institucionais e com os hábitos e regras sociais que moldam o comportamento dos indivíduos.

Desse modo, a Economia Institucional oferece farta literatura a destacar a importância das instituições para os resultados macroeconômicos de países com as mais diferentes características produtivas. Temas como qualidade da democracia, garantia de direitos de propriedade, grau de instrução e alfabetização da população, nível de evasão de renda, bem como fatores culturais e religiosos são frequentemente considerados pelos institucionalistas que buscam investigar as razões do aumento do nível de renda per capita ou da estagnação econômica de diferentes nações.

Nesta exposição apresentam-se trabalhos pioneiros do Institucionalismo que saíram à luz nas primeiras décadas do século XX. Para além dos pioneiros, essa vitrine também conta com a obra de alguns de seus herdeiros que lograram renovar essa perspectiva e estabeleceram a corrente conhecida como Nova Economia Institucional (NEI). Os trabalhos aqui expostos, portanto, apresentam um grande valor histórico e analítico. Esse grande valor decorre tanto da antiguidade e raridade das obras selecionadas quanto da capacidade de representar a diversidade teórica e temática característica da tradição institucionalista da investigação econômica.
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Keynes e os keynesianos

Após o colapso da Bolsa de Nova York, em 1929, ocorreu um período de profundo e duradouro declínio econômico mundial que ficou conhecido como a Grande Depressão. Esse cenário de dificuldades econômicas afetou profundamente o modo como os economistas enxergavam o mundo, afinal a teoria econômica dominante na época previa que a ação espontânea das livres forças de mercado promoveria a recuperação econômica e eliminaria o desemprego.

Foi nesse contexto, especificamente no ano de 1936, que a obra máxima do economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946), A teoria geral do emprego, dos juros e da moeda, saiu à luz. Nela, Keynes – já então um conhecido economista – desafia a perspectiva econômica dominante, ao postular uma nova teoria que busca explicar a incapacidade dos mercados de eliminarem espontaneamente o desemprego.

A publicação ocasionou uma verdadeira revolução no pensamento econômico, pois influencia a obra de economistas até hoje. Para a presente exposição, então, foram selecionadas diversas obras que contemplam a trajetória intelectual de Keynes, seus interlocutores contemporâneos e seus discípulos, denominados pós-keynesianos. O critério de seleção foi constituído a partir da importância dos livros no desenvolvimento da tradição keynesiana, de modo que o roteiro proposto permite dar conta tanto da evolução do pensamento de Keynes, bem como de sua duradoura e profunda influência na teoria econômica.

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Economia do desenvolvimento e estruturalismo

Os anos após a II Guerra Mundial foram caracterizados pelo contexto internacional de Guerra Fria e também pelo amplo processo de descolonizações. Nesse contexto ocorreu um renovado interesse sobre a problemática do desenvolvimento e, sobretudo, a emergência dos estudos sobre o subdesenvolvimento, na medida em que o chamado Terceiro Mundo se constituiu como uma força política internacional que não mais poderia ser ignorada.
A moderna Economia do Desenvolvimento, então, buscava pensar o desenvolvimento em novos termos. Afinal, partia-se da noção de que as economias subdesenvolvidas não poderiam ser estudadas do mesmo modo que as já desenvolvidas. O novo campo de estudo ganhou espaço tanto no ambiente acadêmico quanto na prática política, por conta do auxílio às experiências concretas de desenvolvimento que emergiam. Na América Latina, essa intersecção entre pesquisa acadêmica e aplicação prática das teorias econômicas consistiu em uma das principais características da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), onde floresceu a chamada Escola Estruturalista de Economia.


A seleção de obras presentes nesta vitrine busca dar conta do percurso realizado pelos estudiosos dos problemas relativos ao desenvolvimento no estabelecimento dessa questão como área relevante da Ciência Econômica contemporânea. Nesse sentido, os critérios de seleção buscaram aliar raridade e peso intelectual dos volumes aqui expostos, de modo a apresentar um panorama da Economia do Desenvolvimento em suas distintas perspectivas teóricas e políticas.
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Macroeconomia no pós-II Guerra

No decorrer do século XX, a teoria econômica alcançou novos patamares de profundidade e sistematização sob a moderna cultura das ciências sociais. Foi no pós-II Guerra, porém, que a necessidade de se pensar, no plano abstrato – e de se levar, em termos concretos –, o desenvolvimento econômico para todos os países, em especial aos participantes do conflito, que a ciência econômica possivelmente apresentou sua mais acelerada evolução.

Durante as décadas de hegemonia do paradigma keynesiano, diversas foram as vertentes da macroeconomia que buscaram entender os fenômenos não explicados por aquela tradição teórica. Nesse sentido, são particularmente emblemáticas as crises que eclodiram a partir dos anos 1970, as quais levaram, junto de outros fatores, ao fim do sistema monetário arquitetado em Bretton Woods no ano de 1944.

Assim, da síntese neoclássica ao novo-keynesianismo, passando pela relevante contribuição dos novos clássicos adeptos da teoria dos ciclos reais de negócios (real business-cycles), a macroeconomia viveu sua própria era de ouro durante a segunda metade do século XX. O critério de seleção das obras aqui expostas consistiu, então, em registrar tanto a raridade dos volumes quanto a complexidade da pesquisa econômica desenvolvida naquele momento de efervescência intelectual.
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Temas Contemporâneos

O debate econômico tem acompanhado as mudanças e desafios enfrentados pela sociedade contemporânea. Por isso, a Economia tem dedicado atenção a diversos temas que passaram a ser encarados como fundamentais, tais como os problemas relacionados à desigualdade de gênero, à crise ambiental e à desigualdade econômica. A pertinência dessas temáticas não passaria incólume a um acervo que, para além dos clássicos, tem se mantido atualizado e, por isso, abarca os temas mais relevantes da atualidade. Com intuito de retratar como essas questões aparecem no contexto do acervo da biblioteca de Delfim Netto foram selecionadas obras representativas de três grandes eixos contemporâneos do debate econômico.

O primeiro eixo é o da Economia Feminista, uma abordagem crítica e inovadora que analisa as disparidades econômicas de gênero. Diferentemente das teorias econômicas tradicionais, que frequentemente negligenciam as questões de gênero e analisam as dinâmicas econômicas a partir de um genérico “homem econômico”, a Economia Feminista reconhece que as mulheres têm enfrentado histórica e sistematicamente desvantagens econômicas em comparação aos homens.

Já o segundo eixo consiste nas abordagens renovadas sobre o problema da desigualdade econômica e social. Entende-se que grandes disparidades sociais e econômicas podem comprometer a estabilidade e o desenvolvimento de longo prazo. Por isso, estudar e conhecer as raízes histórico-estruturais da desigualdade é de suma importância para que se possa promover políticas e ações orientadas à sua superação.

Finalmente, o terceiro eixo diz respeito à Economia Ambiental. Sob esse prisma analítico, reconhece-se o impacto que as atividades econômicas têm sobre o meio ambiente. Nesse sentido, a conservação da biodiversidade, assim como dos demais recursos naturais, minerais e hídricos não é entendida como obstáculo ao crescimento econômico; antes, compõem as faces de uma mesma moeda.
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Diálogos com Delfim

Conhecido por articular métodos quantitativos e históricos em sua produção intelectual, Antonio Delfim Netto realizou uma série de estudos sobre a temática agrícola. Além de sua tese de Livre Docência, intitulada O problema do café no Brasil e defendida em 1959, entre 1958 e 1966, Delfim produziu diversos trabalhos importantes na área, tais como: “Desafios na Agricultura Brasileira”, “Agricultura e Desenvolvimento”, “O Cultivo do Trigo no Contexto Brasileiro”, “Duas Décadas de Substituição do Café Brasileiro”, “Questões em Torno do Café no Brasil” e “O Mercado de Açúcar no Cenário Nacional”. Cumpre destacar que a relevância, na trajetória intelectual de Delfim Netto, dos problemas relativos à economia agrícola a coloca no centro de sua compreensão acerca das principais questões econômicas do país, como inflação e desenvolvimento.

Por isso, na seleção aqui exposta estão presentes algumas de suas principais obras dedicadas ao tema. A primeira prateleira aborda especificamente a temática do café, com exemplares de obras usadas como referência para a tese O problema do café no Brasil, além de escritos do próprio Delfim sobre o assunto. Na segunda prateleira, apresentam-se alguns de seus textos acerca de questões importantes para a economia brasileira, como desenvolvimento e inflação. Além disso, podem ser encontrados exemplares de obras basilares da historiografia econômica brasileira – como Formação Econômica do Brasil de Celso Furtado e A Inflação Brasileira de Ignácio Rangel – lidas, grifadas e comentadas por Delfim. A escolha dessas obras evidencia a interlocução que Delfim Netto estabeleceu com autores das mais diferentes afiliações teóricas.

Como sua biblioteca pessoal revela aspectos cruciais de sua trajetória acadêmica, buscou-se reunir, na terceira prateleira, textos, livros e notas de aula que revelam detalhes da história de Delfim Netto, como aluno e professor, na Faculdade de Economia da USP. Nessa seleção, formada por livros de Estatística, Economia Política e notas de aula de Economia Brasileira e História Econômica, é possível observar um pouco da diversidade presente na sua formação intelectual pautada na capacidade de articulação e mobilização de categorias de várias áreas do conhecimento.
Acervo digital
An inquiry into the nature and causes of the wealth of nations. Dublin: Messrs. Whitestone, Chamberlaine, W. Watson, Potts, S. Watson, Hoey [and 14 others], 1776. 3 volumes.
Adam Smith
EM BREVE


Principes d’économie politique. Paris: Guillaumin, 1857. 2 volumes.
Wilhelm Roscher
EM BREVE


Histoire de la Révolution française. Paris: Docks de la Librairie, 1865. 2 volumes.

Louis Blanc
EM BREVE


Essays in political economy [1879] . 2ª edição. Dublin: Hodges, Figgis, 1888.
Cliffe Leslie
EM BREVE
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Na mídia
21 de setembro de 2023
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